NA VIDA O QUE VALE É SER FELIZ
Sobreviver
nesse campo minado impede a maioria das vítimas ao isolamento, pois os
agressores, de olhos vendados e mentes cauterizadas, não aceitam as diferenças,
não permitem o relacionamento, nem vislumbram que a sexualidade vai além da
biologia, da cultura, da hereditariedade, não tem mero cunho reprodutivo, mas
traz em si toda uma gama de sentimentos, influências hormonais e genéticas, e
abrem janelas que refletem o universo do relacionamento em múltiplas dimensões,
onde, muitas vezes, aspectos imperceptíveis aos olhos da sociedade, como o
cultural, não são enfatizados.
Devemos
ter consciência racional para compreender que a vida é uma trajetória de
perdas, ganhos e, principalmente, de escolhas. Felicidade ou infelicidade
dependerão do caminho que trilha no percurso viver. Amar e respeitar o próximo
são regras do Criador. Cumprir ou não é uma alternativa, e é essa decisão que
definirá a nossa convivência nesse percurso.
Sabemos
que o preconceito jamais será abolido entre os homens, mesmo com aprovação de
leis rigorosas, punições severas... Mas é preciso, no mínimo, tolerância, para
que as subversões entre classes, raças e etnias se amenizem, para que a
homofobia não se transforme numa arma com poderes capazes de destruir pessoas
apenas pela opção sexual, pois a homossexualidade segue a humanidade desde a
sua criação, tentar erradicá-la é heresia.
Contudo,
deve-se amenizá-la através de uma convivência complacente. É preciso fixar, em
mentes preconceituosas, a verdadeira semente do respeitar o “eu” do outro.
Respeito é algo que se constrói e se desenvolve entre os homens para que se
torne a âncora dos relacionamentos interpessoais. Para tal, basta que cada uma
viva a própria vida e alargue o caminho para que o próximo possa transitar
pelas veredas da sociedade como cidadão, desfrutando do mesmo direito: viver e
ser feliz com as suas diferenças e os seus desejos.
Afinal,
consciência é uma espécie rara que exige um ambiente propício, terreno
preparado, e, por isso, deve ser plantada, cultivada no íntimo como símbolo de
humanidade e, por ser regada pelos próprios sentimentos, exige atitudes que
alterem comportamentos. Essas atitudes podem ser pequenas coisas, mas, para a
minoria rejeitada, é a grande diferença. Pois essa “diferença” é o direito de
ser feliz... A felicidade tem um preço. Muitas vezes, esse valor foge do
orçamento de muitos que preferem desviar da rota a tornarem-se alvos e serem
deflagrados ao se colidirem contra princípios morais, sociais e,
principalmente, religiosos.